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Este site se destina a compartilhar as atividades e produções do Grupo de Pesquisa Urbanização e Natureza na Amazônia (você pode acessar a página do URBANA no site do CNPQ clicando aqui). O Grupo é um desdobramento de uma iniciativa de pesquisa iniciada em 2009, quando a proposta do projeto UrbisAmazônia foi estruturada por Antônio Miguel Monteiro e por Ana Cláudia Duarte Cardoso. Nessa oportunidade foi colocada a pergunta: Qual a natureza do urbano amazônico contemporâneo? Quando o projeto obteve financiamento da Fundação Vale e do Instituto Tecnológico Vale, e passou a ser executado em nove instituições, essa pergunta foi investigada de uma perspectiva interdisciplinar e multiescalar, com a participação de pesquisadores e estudantes (bolsistas).
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Esse coletivo fez intensos debates, em um processo de troca de ideias que se tornou uma característica do grupo, comparando modelos matemáticos, conceituais e dados empíricos. Foram construídas interações com outros grupos, em especial entre dois outros coletivos, um do Cedeplar/UFMG, sob liderança de Roberto Monte-Mor e outro da UFPA, sob liderança de Francisco Costa. Com o encerramento formal do UrbisAmazônia, passamos a nos encontrar anualmente no evento promovido pelo Grupo de Pesquisa DADESA, nas edições anuais do Seminário de Economia Política da Amazônia, que em 2017 foi realizado no Cedeplar, e onde decidimos criar um grupo de pesquisa para registrar nossas linhas de pesquisa e facilitar o enquadramento de nossa produção.
Motivação
Os olhares múltiplos, convergem para a compreensão de que a Amazônia é um território que sempre foi povoado, e onde suas populações desenvolveram longos processos de ajuste às características do bioma, que era manejado vivo por pessoas, a ponto da floresta ser compreendida como uma roça por inúmeros pesquisadores da arqueologia contemporânea. Essa situação passou a ser alterada pelas sucessivas colonizações (dos portugueses e dos próprios brasileiros), e a inserção da região na divisão internacional do trabalho, como fonte de matéria prima, ou de natureza a ser morta, criando um paradoxo entre urbanização e conservação da floresta e dos rios que não existiu anteriormente.
Muitos processos contribuíram para que no decorrer do século XX a floresta fosse anunciada pelos documentos oficiais como um deserto, e passasse a ser vista como terra, a ser integrada ao restante do território para expansão de atividades produtivas. A chegada tardia da lógica industrial e da urbanização promoveram uma grande reestruturação física, social, econômica ambiental e cultural. A transferência da população para aglomerações de maior porte, e a constituição de duas metrópoles com milhões de habitantes criava uma representação da região como exótica, com muitos espaços vazios, e a atividade produtiva localizada majoritariamente fora das cidades (serrarias, mineração, fazendas), denunciando um ritmo e uma intensidade de urbanização diferenciada.
A disponibilidade de meios de transporte e comunicação capazes de articular esse território aos grandes mercados consumidores ressignificou florestas, centenas de vilas seculares e pequenas cidades, como periferias distantes da China, ou dos países do Norte Global, criando uma grande confusão sobre o que seriam cidades nesse novo contexto de urbano estendido, que absorve estruturas dispersas pelos municípios em superposição às velhas estratégias de relacionamento com a base biofísica na região.
As contradições que emergem desses encontros e desencontros inspiram as linhas de pesquisa e as discussões desse coletivo de pesquisadores, que não veem oposição entre os assentamentos e a natureza produzidos por séculos na Amazônia, mas que entende que é preciso rever a categoria cidade, ou como ela foi estabelecida pelo capitalismo nos século XIX e XX, e atentar para lições que ainda estão colocadas nesse território sob disputa, visto por alguns como periferia a ter suas riquezas exploradas, e por outros como laboratório de experiências inspiradoras para um mundo que precisa ampliar sua capacidade de adaptação aos ciclos do planeta e aos processos de mudanças climáticas, gerados por crenças de infinitude de recursos e possibilidade de crescimento econômico progressivo no século XX.